segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O Anjo

O Anjo


O quarto na penumbra mostrava as paredes de amarelo pálido. A janela deixava passar réstias da luz do terraço lá fora através das venezianas, sombreando os móveis infantis de madeira clara, recostados às paredes. Numa delas o berço parecia mais iluminado com a presença daquele pequeno corpo, esguio, muito alvo encimado por cabelos lisos, amarelos quase brancos, emoldurando seu rosto angelical. O sono tranquilo denunciado por um leve ressonar e olhos cerrados.

Ao chamado do irmão, ao meu lado, seu corpo tremeu levemente. Esfregando as mãos nos olhos, acostumou-se com a iluminação e buscou distinguir as formas em volta. Olhou-me, levantou sobre o colchão, eu o acolhi. Enlaçou meu pescoço com os braços e minha cintura com as pernas. Sua cabeça recostada em meu ombro. Senti um longo suspiro e seu retorno ao planeta dos sonhos.


Foi o primeiro encontro.
AJFontes

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