O Anjo
O quarto na penumbra mostrava as
paredes de amarelo pálido. A janela deixava passar réstias da luz do terraço lá
fora através das venezianas, sombreando os móveis infantis de madeira clara,
recostados às paredes. Numa delas o berço parecia mais iluminado com a presença
daquele pequeno corpo, esguio, muito alvo encimado por cabelos lisos, amarelos
quase brancos, emoldurando seu rosto angelical. O sono tranquilo denunciado por
um leve ressonar e olhos cerrados.
Ao chamado do irmão, ao meu lado,
seu corpo tremeu levemente. Esfregando as mãos nos olhos, acostumou-se com a
iluminação e buscou distinguir as formas em volta. Olhou-me, levantou sobre o
colchão, eu o acolhi. Enlaçou meu pescoço com os braços e minha cintura com as
pernas. Sua cabeça recostada em meu ombro. Senti um longo suspiro e seu retorno
ao planeta dos sonhos.
Foi o primeiro encontro.
AJFontes
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