sábado, 20 de fevereiro de 2016

Inferno Astral (2ª versão - Reflexões)


Inferno Astral

 

Rosto suado. Os óculos deslizam no nariz, num tal de escorrega-empurra. Já é hora de apertar aqueles parafusos, bem pequenos, que seguram as hastes. Pego a ferramenta adequada, tiro os óculos, posiciono...E agora; cadê o parafuso? Da última vez enxerguei.

Mais uma do cabedal de recordações neste momento pré virada de ano e quase da década.

Vêm sem ser chamadas. Chegam e se instalam. Às vezes tão antigas que fico surpreso por ainda existirem. As belas, são fáceis de sentir; confortáveis, alegres. Relaxantes. As feias não. São difíceis de acolher. Por vezes cortam o peito, mas orientam meus passos. Decido se as encaro ou deixo para uma próxima, porque é certo que retornarão mais fortes e difíceis de ser exploradas. Talvez seja o motivo deste período ser chamado inferno astral.

Como a Casa arrumada de Drummond, é preciso arrumar o interior para bem viver. Não que tudo esteja limpo, claro, no seu devido lugar. Viver implica em usar, como diz ele. Mexer e remexer todos os cantos. Podem ficar desarrumados por tempos; às vezes a eternidade, e aí como dizia minha mãe: se não tem remédio, remediado está. Deixa para próxima.

É preciso receber visitas que deixam marcas: risos frouxos, choro convulsivo no meio de uma conversa, que tocam coisas penduradas nas paredes da emoção. É trabalhoso, cansativo; mas prazeroso. Os próximos passos serão firmes e belos.

Novos ou velhos, questionamentos sempre existirão, e com eles soluções cada vez mais simples e eficazes.

Ah! Os óculos. Levei a uma ótica.

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