sábado, 20 de fevereiro de 2016

Inferno Astral (2ª versão - Reflexões)


Inferno Astral

 

Rosto suado. Os óculos deslizam no nariz, num tal de escorrega-empurra. Já é hora de apertar aqueles parafusos, bem pequenos, que seguram as hastes. Pego a ferramenta adequada, tiro os óculos, posiciono...E agora; cadê o parafuso? Da última vez enxerguei.

Mais uma do cabedal de recordações neste momento pré virada de ano e quase da década.

Vêm sem ser chamadas. Chegam e se instalam. Às vezes tão antigas que fico surpreso por ainda existirem. As belas, são fáceis de sentir; confortáveis, alegres. Relaxantes. As feias não. São difíceis de acolher. Por vezes cortam o peito, mas orientam meus passos. Decido se as encaro ou deixo para uma próxima, porque é certo que retornarão mais fortes e difíceis de ser exploradas. Talvez seja o motivo deste período ser chamado inferno astral.

Como a Casa arrumada de Drummond, é preciso arrumar o interior para bem viver. Não que tudo esteja limpo, claro, no seu devido lugar. Viver implica em usar, como diz ele. Mexer e remexer todos os cantos. Podem ficar desarrumados por tempos; às vezes a eternidade, e aí como dizia minha mãe: se não tem remédio, remediado está. Deixa para próxima.

É preciso receber visitas que deixam marcas: risos frouxos, choro convulsivo no meio de uma conversa, que tocam coisas penduradas nas paredes da emoção. É trabalhoso, cansativo; mas prazeroso. Os próximos passos serão firmes e belos.

Novos ou velhos, questionamentos sempre existirão, e com eles soluções cada vez mais simples e eficazes.

Ah! Os óculos. Levei a uma ótica.

Amigos

Amigos.

No início tinha, sem maiores pretenções, a intenção de tornar público o que escrevo.
Passado algum tempo, iniciei minha participação em uma oficina literária orientada pelo escritor Paulo Coelho, o que acendeu novas luzes sobre a forma da escrita.
É verdade que a arte de escrever, como toda arte, é composta de um por cento de inspiração e noventa e nove por cento de transpiração. Estou aprendendo como transpirar.
Para isto tenho usado escritos já publicados aqui. Sinto que devo difundir. Então, em alguns momentos verão o mesmo texto modificado na sua estrutura, mantendo a essência. Anotarei a versão para orientação.
Minha intenção é oferecer as melhoras adquiridas ao longo do processo.
Talvez frequência diminua. Veremos.
Lembro que as críticas são bemvindas
Grato a todos pela companhia na caminhada.
Abraço.
AJ

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O Anjo

O Anjo


O quarto na penumbra mostrava as paredes de amarelo pálido. A janela deixava passar réstias da luz do terraço lá fora através das venezianas, sombreando os móveis infantis de madeira clara, recostados às paredes. Numa delas o berço parecia mais iluminado com a presença daquele pequeno corpo, esguio, muito alvo encimado por cabelos lisos, amarelos quase brancos, emoldurando seu rosto angelical. O sono tranquilo denunciado por um leve ressonar e olhos cerrados.

Ao chamado do irmão, ao meu lado, seu corpo tremeu levemente. Esfregando as mãos nos olhos, acostumou-se com a iluminação e buscou distinguir as formas em volta. Olhou-me, levantou sobre o colchão, eu o acolhi. Enlaçou meu pescoço com os braços e minha cintura com as pernas. Sua cabeça recostada em meu ombro. Senti um longo suspiro e seu retorno ao planeta dos sonhos.


Foi o primeiro encontro.
AJFontes