quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Paranoia


Paranoia

 

AJFontes

 

A rua cheia. Carros aguardam o sinal abrir. O trem composto de possantes quatro por quatro, elegantes mercedes. Eu, no meu corcel velho desbotado. Vidros fechados por medo. Lá vem o menino e a maldita garrafinha. Da última vez levaram o celular. Mas a cara desse não parece ruim. Quem vê cara não vê coração. Porra, o que faço? Ele vai chegar. No retrovisor, olhar desesperado, como do cachorro poodle, um quarteirão atrás, andando de um lado para o outro, com a língua para fora da boca, encarando cada passante. O suor escorre. Já tá seringando de longe. Aquilo na cintura é um revolver. Meu Deus. Não dá mais. O sinal abre, passo a primeira arranhada, aos pinotes sigo na composição. Adiante estaciono. Respiro profundo. Ele ia me assaltar, ele ia me assaltar.

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