O Lápis
Vai começar a aula e preciso do
lápis, cadê o lápis?
Levantei cedo, fazia muito frio e
chovia naquele mês de junho em Caruaru. Tomar banho...não teve jeito. Ligeiro,
embaixo daquela água fria, esfrega aqui e ali...rápido, rápido.
Mas, cadê o lápis. Procurei na
bolsa e nada, procurei dentro do caderno, dos livros e nada.
Fazia frio, muito frio naquele
inverno. Vesti rápido a roupa, penteei os cabelos, escovei os dentes. A casa,
já acordada, tinha seus sons e cheiros de xícaras, pratos e talheres tomando
seus lugares na mesa, junto ao bule de café. Hum! Que cheirinho bom. Tudo
misturado: café, pão, queijo, cuscuz. Hum!
Mas não é possível que eu tenha
esquecido do lápis. Não, isso não acontece nunca! Será que deixei cair no chão?
Calçava os sapatos quando percebi
que o solado de cada sapato estava fininho...fininho. Iria molhar meus pés nas
poças d’água que ficavam nas calçadas por conta da chuva. Dá-se um jeito. Uma
folha de jornal dobrada colocada com jeitinho em cada pé de sapato resolve, por
enquanto né? Mamãe chamando uma, duas, três vezes. “Já vou”, respondi.
-Alguém viu um lápis no chão?
Gritava, olhando para o chão, caminhando por todas as salas separadas à meia
parede por compensado de madeira, enquanto as professoras procuravam acalmar
seus alunos aos gritos: -Silêêêncioooo... batendo com uma régua de madeira no
birô.
Na mesa, meu irmão, papai e mamãe.
Todos nos deleitamos com o leite, café, pão, queijo. Tudo quentinho. Por fim,
saímos de casa acompanhados por mamãe, que nos entregou a diretora de nosso
colégio.
Que zoada gostosa aquela! Risos,
gritos, choros, reclamações às professoras. Tinha de tudo, inclusive eu
gritando, já aperreado, perguntando por meu lápis perdido. A aula já vai
começar e não encontro meu lápis!
Desolado no meio daquela balburdia
repasso mentalmente onde poderia estar. Quando passo a mão no bolso da camisa…surpresa:
O LÁPIS! Aqui, todo esse tempo?! Bom, não tenho tempo para questionar mais
nada. A aula já está começando.
AJFontes