segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Os Cantos


Os Cantos


 

Uma cidade pequena com tantos cantos.

Contam e cantam histórias.

São tantas as vistas,

Vistas de cantos, que também são vistas.

De repente como num cartão postal,

Sou parte da vista.

São tantos, os cantos.

São tantos os que cantam.

Cantinhos, como aquele,

Lá, ao lado da ponte.

Canções como aquela,

Que cantam no carnaval.

E eu, no meio desse frege!
 
AJFontes

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Deve Ser


Deve Ser


 

No meio de todas as explosões vemos um homem de braços abertos, entre os que seriam seus inimigos, pedindo um abraço.

Se isso não é amor, estou bem mais atrasado do que pensei, no entendimento do que seja.
 
AJFontes

Ágata chegou!


Ágata chegou!


 

O nome, emprestado, é A gata. Simplificando: Ágata.

É um furacão desastrado. Bate em tudo. Caiu algo na sala. Com certeza obra de Ágata. Repentinamente uma bola de pelos brancos aparece encarando com seus olhos azuis como o céu. É um anjinho travesso. Diferente da magrelinha, assustada, miando fininho, olhando através do vidro da porta que dava para o quintal.

Nunca pensei em conviver com um gato, ou gata. Até pensei em um cão, mas gato não!

Os olhinhos azulzinhos estavam lá e olhando para mim! Não teve jeito. Abri a porta.

Até hoje, são dois anos de convivência, nem sempre fácil, e algumas histórias.

Perdoem-me, a madame exige minha presença. Deve ser a ração que acabou...ou será água?

 

                                                             AJFontes

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O Lápis


O Lápis

Vai começar a aula e preciso do lápis, cadê o lápis?

Levantei cedo, fazia muito frio e chovia naquele mês de junho em Caruaru. Tomar banho...não teve jeito. Ligeiro, embaixo daquela água fria, esfrega aqui e ali...rápido, rápido.

Mas, cadê o lápis. Procurei na bolsa e nada, procurei dentro do caderno, dos livros e nada.

Fazia frio, muito frio naquele inverno. Vesti rápido a roupa, penteei os cabelos, escovei os dentes. A casa, já acordada, tinha seus sons e cheiros de xícaras, pratos e talheres tomando seus lugares na mesa, junto ao bule de café. Hum! Que cheirinho bom. Tudo misturado: café, pão, queijo, cuscuz. Hum!

Mas não é possível que eu tenha esquecido do lápis. Não, isso não acontece nunca! Será que deixei cair no chão?

Calçava os sapatos quando percebi que o solado de cada sapato estava fininho...fininho. Iria molhar meus pés nas poças d’água que ficavam nas calçadas por conta da chuva. Dá-se um jeito. Uma folha de jornal dobrada colocada com jeitinho em cada pé de sapato resolve, por enquanto né? Mamãe chamando uma, duas, três vezes. “Já vou”, respondi.

-Alguém viu um lápis no chão? Gritava, olhando para o chão, caminhando por todas as salas separadas à meia parede por compensado de madeira, enquanto as professoras procuravam acalmar seus alunos aos gritos: -Silêêêncioooo... batendo com uma régua de madeira no birô.

Na mesa, meu irmão, papai e mamãe. Todos nos deleitamos com o leite, café, pão, queijo. Tudo quentinho. Por fim, saímos de casa acompanhados por mamãe, que nos entregou a diretora de nosso colégio.

Que zoada gostosa aquela! Risos, gritos, choros, reclamações às professoras. Tinha de tudo, inclusive eu gritando, já aperreado, perguntando por meu lápis perdido. A aula já vai começar e não encontro meu lápis!

Desolado no meio daquela balburdia repasso mentalmente onde poderia estar. Quando passo a mão no bolso da camisa…surpresa: O LÁPIS! Aqui, todo esse tempo?! Bom, não tenho tempo para questionar mais nada. A aula já está começando.
AJFontes

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O Atestado


O ATESTADO

 
Recém-saído da sala de cirurgia, um homem lembra que terá que entregar um atestado médico ao seu chefe imediato, na empresa que trabalha, confirmando a necessidade de ausentar-se por quinze dias do trabalho.
Já que é assim. Imediatamente levanta da cama, faz uma careta que piora o aspecto tétrico de seu rosto com olheiras e barba por fazer. Ainda sentindo o efeito do anestésico sente-se tonto, pernas fracas, afinal, a idade já pesa. Mesmo assim segura o papel, calça o chinelo e segue pelo corredor até o ponto de táxi na frente do hospital.

O motorista estranha a situação. Nenhum enfermeiro ou médico viu que um paciente havia deixado o hospital naquela condição?! Mesmo assim, seguindo orientação do depauperado passageiro chegam ao destino. Chegando ao destino, a custo retira do carro o suporte com o saco transparente de soro e segue arrastando sobre suas rodinhas. Entra no prédio onde alguns o reconhecem e cumprimentam, certamente constrangidos, mas se trata de um colega com quem, durante longos anos de convivência, encontram-se nos corredores da empresa. Homem respeitado por seu profissionalismo, seriedade e retidão de vida. “Quem diria!!!” Um ou outro pensa balançando a cabeça reprovando; alguém, com um traço de sorriso nos lábios, comenta em voz baixa: endoidou!! Alheio aos possíveis comentários, sentindo-se mal, estômago embrulhado e cheio de gases, arrastando os chinelos, caminha até o elevador. Entra, outros ocupantes o cumprimentam, ao que responde com o som característico da saída dos gases. Chega ao andar onde se localiza a sala do caríssimo diretor, motivo dessa desatinada atitude. Com seu baita bundão branco salpicado de pontinhos vermelhos, mostrado através da abertura do roupão hospitalar, desfila corredor a dentro. Chega, finalmente, à secretaria. Solicita, então falar com “o diretor”. Mais um som é ouvido, enquanto ela desliga o fone, desmancha o sorriso dando vez a uma cara de espanto e nojo. É recebido pelo diretor, bem vestido em seu terno moderno e rosto bem barbeado emoldurando um sorriso pré-fabricado. Pergunta por sua saúde e questiona se ele já estaria em condições de sair do hospital. Sem ruído que fosse, coloca o documento sobre a mesa de trabalho do chefe, olhando profundamente em seus olhos, sem esboçar sentimento. Dá meia volta segurando o suporte com toda dignidade possível segue para a porta, segura a maçaneta, levanta levemente a perna direita e libera o mais forte, fedorento e longo da série. Com um sorriso nos lábios abre a porta e segue, deixando seu rastro de indignação com a sociedade mentirosa, corrupta e tendenciosa em que vivemos.

                                                                                                                                                                    AJFontes

Agonia


Ainda atento ao comentário do amigo Fernando Rijo, lembrei de um poema de tempos atrás, que reproduzo aqui:

Agonia


                                 Passam dias e a semente

                                 Que parecia germinar em poema verdejante

                                   Não vem.

                                   Troco verbos, substantivos, frases inteiras

                                   Mas insiste em não querer emergir.

 

                                   Soa o gongo, finda o tempo

                                   Preciso dormir.

                                   Amanhã, quem sabe

                                   Antes que a noite acabe.

                                  

                                   Outros versos, outras frases.

                                   Outro dia, mais passagens.

 

                                    Venham versos.

                                   Que toquem ou choquem

                                   Alisem ou arrepiem

                                   Marchem retos ou desalinhem.

 

                                   Mas, venham versos meus

                                   Pelo amor de Deus.

                                                                                                          Teresina, 11/11/1987
 
AJFontes

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Boa ideia


Boa ideia

 

Como poderia iniciar um projeto que pretende trazer à tona a alegria, num momento tão triste para o homem?

Como não deixar de escrever sobre o assunto?

Que assunto?

Será a compreensão de estarmos em um momento planetário crucial?

Será o medo de mudar a nós mesmos?

Talvez, o medo de expor nossas fraquezas.

Ou ainda de aceitar ideias contrárias. Será?

Viver o que nos é diferente. É possível, mas...será?

Medo de mudar?

Medo de viver!!

De amar.

Amar!

Que tal a ideia?

AJFontes

domingo, 15 de novembro de 2015

Olá


Olá

Escrevo. Às vezes palavras soltas, outras vezes uma ou algumas frases. Algumas sobreviveram às tantas mudanças de endereço e inevitáveis “joga fora o que não presta” pela vida afora. Dessas, poucas se transformaram em poesias, contos, crônicas.

Talvez um livro, pensei, fosse a melhor forma de mostra-los a outras pessoas. Algum tempo depois descobri outras formas e, graças a amigos queridos e vencendo o medo de sair do papel e do lápis, aprendi como criar um blog.

Eis-me aqui.

Ainda na fase de procurar no google “como criar um blog”, procurei um nome. Para mim bastante claro e simples: Meus Escritos. Procurei saber se já existia esse nome e descobri que boa parte dos que usam esse meio tem um “meus escritos”, claro!! Procurei “minhas palavras” já existe, ou “palavras...palavras...palavras”, existe um. Dei conta de quanto atrasado eu estou, mas segui na busca até que percebi que os escritos são meus, sou A J Fontes, portanto o nome é: Escritos de AJ. Eu.

Sejam bem-vindos. Leiam, critiquem, corrijam, comentem. Não dá para rasgar, mas ignorar pode. Ou simplesmente, divirtam-se.

AJFontes