segunda-feira, 25 de julho de 2016

Prisma


Prisma

 

És nada.

Não és a corrente rubra

Pegada à terra.

Tão pouco a brisa celeste

Solta no espaço.

Menos, o sol dourado

Claro no caminho.

Ledo engano.

És tudo.
AJFontes

sexta-feira, 8 de julho de 2016

A passagem


A passagem

 

 Longe, um som ritmado ecoa. Passos lentos, olhar no vazio, sorri. Que dia. Os bancos compridos, encostados à parede, passam. Um vulto, distante ainda, chama a atenção. Acelera ao descobrir cada detalhe, até que surge completo à sua frente.

Acaricia as curvas. Com os olhos sorve o brilho do corpo. Posiciona-se no banco, leva-o ao pescoço. As cordas, com o carinho do arco e o toque dos dedos vibram. Emanam ondas de luz. Verdes, brancas e amarelas dançam no alto em companhia das azuis e vermelhas, no baixo. Crescem círculos dentro de outro e de outro mais, multicoloridos, transpassam tudo à frente. Atiram-se em cascata na profundeza das notas. Apagam.

Na cortina negra piscam pontos. Poucos. Outros se mostram, espalham-se, aceleram, linhas se formam, enlaçam umas às outras, mudam os tons, mais pontos, linhas, cores, luz. A brancura toma conta. Se suporta no dedo que treme tocando a última corda, juntinho do arco que a alisa. E esmaece... Esmaece... Esmaece...

Pousa o instrumento no banco. Agradeço amigo, pelo presente. Preciso ir. Ouço aquele som ritmado. Entra no vagão que inicia a marcha.

- Amigo! Sinto-me tão leve... Flutuo!

                                       
                                                                                                                                                   AJFontes